quarta-feira, 7 de julho de 2010


''Eu lembrava da tarde e pedia para bichos-papões saírem de cima do telhado: e lembro tão bem que ainda que não tivesse sido ontem, continuaria sendo ontem na memória - porque acordava em mim uma coisa que eu não seria outra vez. Foi então que comecei a chorar e tu sentaste ao meu lado e não compreendendo me disse que não, me disse inúmeras vezes que não, que não era bom, que não era justo, que não era preciso, dizias que era tão bonito pra ser jogado fora. Tive vontade de dizer da minha suspeita, porque me sabias assim desde sempre sabendo anteriormente do que ainda não se fizeram. Assustavam-me essas certezas súbitas, tão súbitas que eu nada podia fazer senão aceitá-las, como todas as outras. Os próximos passos me eram dados sem que eu conseguisse controlar. Eu não soube escolher.''

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