terça-feira, 30 de novembro de 2010

Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala "ah, enjoei, ela era meio sem assunto" e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo "ah, ele não entendeu nada" e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora
"Mas tô me divertindo, ué. Não é isso que mandam a gente fazer? Quando a gente chora e escreve aquele monte de poesia profunda. Quando a gente se apaixona e tudo mais e enche o saco dos amigos com aquela melação toda. Não fica todo mundo dizendo pra gente parar de tanto drama e se divertir? Poxa, tô só obedecendo todo mundo."

domingo, 14 de novembro de 2010

domingo, 7 de novembro de 2010

De qual lugar de mim você ainda não foi embora? Eu resisto tanto que se talvez você pudesse suspeitar poderia também não voltar mais, como realmente não voltará. Não quero sua sombra em mim, seus delírios jamais voltarão a se misturar aos meus. Já não acordo em vão e sou menos traiçoeira."
"Como se estivéssemos largado a torneira aberta. Por dias. Semanas. Ouvindo a água pingando. Batendo na louça, dentro da pia; no ralo, durante a madrugada. Mas como se tivéssemos tido preguiça de nos levantar da cama. De deixar o quente das cobertas. Tirar a cabeça do amassado do travesseiro. De calçar os chinelos e andar até a cozinha para dar mais meio giro. Apenas metade de uma outra volta que acabaria com o ruído. Com o gasto de água. Com o barulho dos pingos batendo na louça. No canto do prato. Na ponta da faca. No ralo, de madrugada. Vazamento esvaziando o reservatório por descaso. Litros e litros pelo cano por nossa culpa. Não, não foi de repente. Não foi surpresa. Nosso amor secou aos poucos, gota a gota. E nós ouvimos todos os pingos."

sábado, 6 de novembro de 2010

Sempre tenho a estranha sensação, embora tudo tenha mudado e eu esteja muito bem agora, de que este dia ainda continua o mesmo, como um relógio enguiçado preso no mesmo momento – aquele.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

B: Oi!!!
A: Oi, que bom que tu ligou! ¿Que pasa?
B: Nada demais, liguei pra dizer que eu to com saudade.
A: Hmmm, legal. Que bom, que bom…
B: E aí? O que você anda fazendo.
A: O de sempre.
B: Tava ouvindo a sua música favorita…
A: Todo dia eu mudo minha música favorita.
B: Ok…
A: Terminei de ver o filme…
B: Gostou?
A: Não. Olha, eu não gosto de telefone…
B: Você não está falando com o telefone; está falando comigo!
A: Tu só fala comigo na merda do telefone!
B: Essa pessoa que VOCÊ acha que sou, só existe na merda da SUA cabeça!
A: Posso desligar a minha cabeça, então?
B: Deixa pra lá…
A: “Pela enésima vez, vamos recomeçar tudo outra vez”
B: Isso não é seu.
A: O mundo também não é.
B: Me liga quando você decidir o que quer…
A: É tu quem não sabe o que quer!
B: Mas sei o que não quero.
A: Eu não quero mais falar, eu não quero mais nada…
B: Isso é o que eu não quero. Eu decido, você não.
A: Eu sonho.
B: Vai sonhando, enquanto eu vivo.
Eu acordei mês passado pra refazer alguns estragos em outras capitais. Tem coisas que eu não vejo mais. Tem coisas que eu cansei de ver. Eu tinha um plano bem traçado, mas também tava atrasado e tinha muito medo. Quem sabe hoje acorde cedo, quem sabe perca o medo e acorde só amanhã. Se eu tivesse outra família, se eu viesse de outro lugar, se eu só cantasse pra você ouvir, tu também iria cantar se eu tivesse mais vergonha antes de falar sempre o que eu quero falar? Se eu fosse o John ou o Paul alguma coisa iria mudar? Já que ser eu de nada adiantou ser outro alguém pode te ajudar? Se eu não tentasse tanto alguma hora você teria que tentar.