domingo, 26 de setembro de 2010

(..) Eu quero saber meu problema. Mesmo. Você me conhece há dez anos. Você, sempre que me encontra, deixa claro: “se precisar de alguma coisa, qualquer coisa”. E eu agora to precisando. Quero saber qual é o meu problema. Onde eu tô errando? Ele então respirou profundamente. Se ajeitou na cadeira. Desligou seus cinco celulares pra não ser interrompido. O grande momento havia chegado. Ele poderia me dizer tudo aquilo que ficou entalado em sua garganta. Aquilo que eu nunca permiti verdadeiramente que um homem ou qualquer pessoa me dissesse. Eu não estava contando uma história e pedindo conselho. Eu estava pedindo pra que me dissessem “o problema”. Eu estava pedindo ajuda ao homem mais maduro e vivido e esperto que eu conhecia. Ele então olhou com sua cara de águia míope pro garçom “não me interrompa agora caso tenha amor pela vida”. E pegou na minha mão. E apertou minha mão. E ficou muito sério. É agora, eu pensei. O único homem que realmente poderia me ajudar. Isso vai mudar a minha vida. Vai, fala logo. E ele se aproximou e disse, bem devagar, e baixinho, no meu ouvido: “não olha agora, mas o cara da mesa ao lado é igualzinho o Shrek”.

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